JESSEANTENADO

terça-feira, 9 de abril de 2013

A ESTIAGEM JÁ ATINGE ATÉ AS PRINCIPAIS LAGOAS DE NATAL : CAERN JÁ FALA EM RACIONAMENTO

LAGOA DO BONFIM ESTÁ COM 59,43% DA CAPACIDADE
As três principais lagoas que abastecem Natal e a Adutora Monsenhor Expedito, que conduz água para municípios da região Agreste potiguar, estão com a capacidade volumétrica em níveis considerados preocupantes para a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh). Com isto, a Secretaria sugeriu à Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) que adote o mecanismo de racionamento para que o sistema de abastecimento não sofra um colapso em breve. Em contrapartida, através da assessoria de comunicação, a Caern informou que, se não chover nos próximos 15 dias o suficiente para recuperar o potencial hídrico destes reservatórios, irá realizar uma reunião para discutir a melhor medida para sanar o problema.
A Lagoa do Bonfim, em Nísia Floresta, está com 59,43% da capacidade hídrica acumulada, o que corresponde a aproximadamente 50 milhões de metros cúbicos. É de lá que sai a água que abastece 14 cidades do interior potiguar, a maioria delas no Potengi, cuja oferta do líquido já foi reduzida em 30% desde o mês passado. Na zona Norte da capital, na Lagoa de Extremoz, o índice é ainda menor. Com 48,55% do total armazenado, o reservatórios abastece a maior área habitada de Natal e a acentuada diminuição do volume de água preocupa também quem depende da lagoa para sobreviver. Na Lagoa do Jiqui, entre Natal e Parnamirim, o percentual de armazenamento é de 73%.
LAGOA DO JIQUI ESTÁ COM 73% DA CAPACIDADE

Mesmo sendo o maior percentual entre as três lagoas, o índice é considerado baixo em relação ao histórico de monitoramento do reservatório. De acordo com a coordenadora de Gestão dos Recursos Hídricos da Semarh, Joana D’arc Medeiros, é a primeira vez, em uma década, que a Lagoa do Jiqui apresenta diminuição da capacidade hídrica. “É um reservatório raso em muitos pontos e este percentual é preocupante”, afirmou a coordenadora. Além disso, um outro grave problema atinge a Lagoa do Jiqui, que é responsável pelo abastecimento de 30% dos imóveis e residências de Natal: a poluição do rio Pitimbu. A Lagoa do Jiqui abastece a maioria dos bairros da zona Sul da capital.

 A redução do potencial hídrico do reservatório é confirmado pelo funcionário público Everaldo da Silva Henrique, que mora às margens da Lagoa do Jiqui há 20 anos. Ele relembrou que, até o início deste ano, quase todos os finais de semana, famílias e amigos se reuniam numa área conhecida como ‘barragem da lagoa’ para tomar banho, pescar e beber. Entretanto, a lagoa secou tanto que a barragem não passa, hoje em dia, de um caminho de concreto ligando uma margem à outra do reservatório. “Nunca vi isso aqui como está hoje. É lamentável”, comentou Everaldo. Os restos de garrafas plásticas e  uma tirolesa amarrada numa das árvores às margens da barragem, remontam o cenário descrito por Everaldo.

 Não muito distante dali, no município de Nísia Floresta, a Lagoa do Bonfim, principal fonte de abastecimento para a Adutora Monsenhor Expedito, está com a capacidade pluviométrica num nível considerado “muito baixo” pela Semarh. Dos 84,2 milhões de metros cúbicos possíveis de serem concentrados no reservatório, atualmente estão disponíveis pouco mais 50 milhões. As cinco escalas de medição do volume hídrico da lagoa, posicionados em pontos diferentes ao longo da margem próxima à Estação de Bombeamento I da Caern, refletem o quanto a água já recuou com o passar do tempo, acentuada com o agravamento da estiagem no litoral.

 “A lagoa já secou demais. A água vinha até mais em cima e hoje em dia está descendo”, disse Roseane da Silva, moradora de uma das ruas que margeia o reservatório. Com a chuva como a única fonte de reposição da reserva hídrica, a Caern expandiu a vazão de sete poços tubulares no entorno da Lagoa do Bomfim para ajudar a suprir a carência de água encaminhada para os dutos da Adutora Monsenhor Expedito. Quando em plena operação, os poços produzem até 700 mil litros de água por hora. 

Águas que desembocam no Jiqui levam dejetos 

 Por fazer parte da Bacia Hidrográfica do Pitimbu, cujo rio de mesmo nome sofre com o assoreamento acentuado, poluição histórica e construções irregulares no estuário, o volume de água que desemboca na Lagoa do Jiqui é cada vez menor e com um índice de poluição elevado, em decorrência das ligações clandestinas de esgoto. As águas carreadas pelo Rio Pitimbu, do seu nascedouro até desembocar na Lagoa do Jiqui, levam consigo restos de todo tipo de dejeto. Num dos trechos da Avenida Olavo Montenegro, em Nova Parnamirim, a turbidez da água do rio comprova a qualidade duvidável do líquido que desemboca, sem nenhum tratamento, na Lagoa do Jiqui.

 O Rio Pitimbu corta, em 36 quilômetros de extensão, três municípios – Natal, Parnamirim e Macaíba. Há quase dez anos, os órgãos de defesa do rio, incluindo o Ministério Público Estadual, anseiam pela aplicação do Plano de Ação para Recuperação da Sub-Bacia Hidrográfica do estuário do Rio Pitimbu. A aplicação do Plano está disposta na Lei Estadual nº 8.426/2003. Apesar de terem ocorridos diversas audiências públicas ao longo de quase uma década, nas quais a execução do conjunto de leis foi discutida, nada saiu do papel.

 Com o intuito de reverter a situação, a promotora de Defesa do Meio Ambiente, Gilka da Mata,  recomendou, em novembro do ano passado, que a Semarh realizasse, no período de até 120 dias, o Plano de Ação de Recuperação da Sub-Bacia Hidrográfica do Rio Pitimbu.  A promotora foi procurada pela TRIBUNA DO NORTE para comentar o andamento da ação movida contra o Estado. Entretanto, mas não foi localizada. 

 Atualmente, o sistema de abastecimento de água potável em Natal é feito da seguinte forma: 30% oriundos da Lagoa do Jiqui, para a zona Sul da capital; Lagoa de Extremoz, para quase 100% da zona Norte e mais 98 poços tubulares para complementar os abastecimentos das zonas Norte e Sul, e garantir os das regiões Leste e Oeste. 

Temperatura está um grau acima da média histórica

 O cidadão natalense ou o turista de passagem pela capital potiguar está sentindo um calor acima do normal para esta época do ano. Isto porque, a temperatura em Natal está um grau acima da média histórica para este período. E, além disso, a temperatura mínima, durante a noite principalmente, não está caindo. A sensação de calor intenso se prolonga não somente durante o dia e ao longo deste domingo, 7, foi alvo de reclamação de muita gente. Nesta segunda-feira, os termômetros marcaram picos de 32,1 graus Celsius, quando a média é de 31 graus Celsius.

 E é justamente essa elevação da temperatura que contribui negativamente com a questão da reposição hídrica dos reservatórios potiguares. De acordo com o meteorologista Gilmar Bristot, o aumento da temperatura média provoca uma evaporação muito acentuada. “Enquanto não começar a chover,as temperaturas poderão aumentar em até 1º Celsius do normal”, explicou o meteorologista. Entretanto, a expectativa é de que as temperaturas máxima e mínima diminuam nos próximos dias. A previsão é de que hoje os termômetros marquem 29ºC como máxima e 23ºC na mínima.

 Conforme dito por Gilmar Bristot, a temperatura, a velocidade e direção dos ventos, além da umidade relativa do ar, contribuem para a evaporação da água dos reservatórios. Normalmente, a evaporação média é de seis a sete litros por metro quadrado. Nos dias mais quentes, o volume do líquido que sobe para a atmosfera pode chegar aos nove litros por metro quadrado. “É uma água que não se vê para onde vai, não se utiliza. Ela vai para a atmosfera”, destacou Bristot. Ele acredita que somente com a proteção dos estuários e entorno dos mananciais, com a plantação de árvores nativas e preservação das matas existentes, este volume de evaporação possa diminuir. 

Do Blog :  A situação É mais grave do que se pensa, PENA QUE A POPULAÇÃO AINDA NÃO DESPERTOU PARA A GRAVIDADE DO PROBLEMA.

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