Quando a gente sobe no palco, parece que só se passou uma semana. A frase de Paulo Ricardo, em entrevista ao FIM DE SEMANA, resume o entusiasmo com que a banda veterana do rock/pop nacional RPM se apresenta hoje (sexta), às 21h, no Teatro Riachuelo. O cantor e compositor falou sobre novidades, saudosismo, repertório, a década de 80, e as motivações para apresentar sua música às novas plateias. Segue a entrevista:
Elektra (2011) é o primeiro disco de inéditas do RPM em 23 anos. Como foi o processo de composição e gravação do álbum?
Depois de muita reflexão a partir do MTV RPM 2002, decidimos compor e gravar naturalmente, sem tentar soar RPM mas também sem se incomodar quando isto acontecesse. Buscar uma evolução sem perder o estilo, a identidade. Acho que conseguimos. A maior influencia do RPM na hora de compor é o próprio RPM. Temos marcas próprias, estilo próprio, uma maneira de compor e tocar que são particulares e valorizamos muito isso. É claro que ninguém aqui é surdo e temos ouvido de tudo na cena do pop-rock desses anos todos, mas filtramos isso com a nossa maneira de fazer música. Somos os mesmos, mas com uma bagagem maior.
O videoclipe da faixa Vidro e Cola virou hit na internet, principalmente por causa da caracterização de vocês no vídeo. O visual é pra valer ou é uma autocrítica ao exagero dos anos 80?
A ideia do clipe, que tem direção de Paulo Trevisan, foi revisitar os anos 70, a pré-história do videoclipe, do chroma key, da psicodelia, da época em que os figurinos eram a grande estrela. Nos baseamos no glitter e no glam rock de Bowie, Marc Bolan, Lou Reed e Roxy Music. A intenção é mesmo fazer um clipe com essa coisa psicodélica e com efeitos bem baratos. Foi muito divertido gravar dessa forma.
A banda já se reuniu e se separou algumas vezes. Desta vez vocês estão pensando em longo prazo? Há planos de continuar gravando discos, fazer novas turnês?
A volta é definitiva. Este ano, a gente se prepara para lançar um disco que conta com músicas inéditas, a própria Vidro e Cola (Linda), a nova versão de Vida Real, tema principal do programa BBB e Vício (Miss You), versão em português da música dos Rolling Stones, autorizada por Mick Jagger. O novo CD será lançado junto com um documentário com imagens de turnês e entrevistas que o grupo vem fazendo desde o lançamento do Elektra.
O texto de abertura do site oficial de vocês define a música do RPM como uma máquina do tempo. Há um motivo assumidamente saudosista por trás da reunião?
O que motivou a nossa volta, além da demanda e carinho do publico, foi o especial Por Toda a Minha Vida, da Rede Globo, sobre o RPM. Foi muito emocionante e nos fez repensar toda nossa história e ver que podíamos mudar o final, então acho que tem um pouco de saudosismo, sim.
Nos anos 80, o RPM era definido como uma banda tecnológica, que almejava fazer um som futurista. Vocês ainda têm essa preocupação hoje?
Fomos os primeiros a remixar uma canção no Brasil, Louras Geladas, em 1985. Hoje, numa cena dominada por DJs, isto é mais do que natural. Não é que nos preocupamos com isso. Esse jeito de fazer música é o RPM. Sem pretensão, dá prá ser clássico e moderno ao mesmo tempo. Isso é intuitivo pra nós. O processo criativo não é assim, premeditado, com um determinado objetivo. Fazemos o que gostamos e o que sabemos.
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